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(ENEM DIGITAL - 2020)Cartas se caracterizam por se

(ENEM DIGITAL - 2020)

Cartas se caracterizam por serem textos efêmeros, inscritas no tempo de sua produção e escritas, muitas vezes, no papel que se tem à mão. Por isso, frequentemente, salvo um esforço dos próprios missivistas ou de terceiros, preocupados em preservá-las, facilmente desaparecem, seja pelo corriqueiro de seu conteúdo, seja pela sua fragilidade material. Nem sempre é assim, porém. Temos assistido, nestas duas décadas do século XXI, a um grande interesse pelas chamadas écritures du moi (“escritas do eu”, na expressão de Georges Gusdorf): nunca se estudaram tantas memórias, diários, cartas, quanto nesses últimos tempos. Publicações de memórias, diários, cartas sempre houve. Estudos, no entanto, que os enxergassem como objetos de pesquisa, e não como auxiliares para a interpretação da obra de um escritor, como protagonistas, e não como coadjuvantes, eram raros.

Nesse sentido, engana-se quem abre o volume Cartas provincianas: correspondência entre Gilberto Freyre e Manuel Bandeira, lançado pela Global Editora, e julga deparar-se apenas com um livro de cartas. A organizadora preocupou-se em contextualizar cada uma das 68 cartas, em um trabalho cuidadoso e pormenorizado de reconstituição das condições de produção de cada uma delas, um verdadeiro resgate.

TIN, E. Diálogos intermitentes. Pesquisa Fapesp, n. 259, set. 2017.

 

De acordo com o texto, o gênero carta tem assumido a função social de material de cunho científico por

A

constituir-se em um registro pessoal do estilo de escrita de autores famosos

B

ser fonte de informações sobre os interlocutores envolvidos na interação.

C

assumir uma materialidade resistente ao aspecto efêmero do tempo.

D

ser um registro de um momento histórico social mais amplo.

E

fazer parte do acervo literário do país.